terça-feira, 22 de abril de 2014

REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa ocorrida no século XVIII, foi tão importante para a História, que se tornou um marco na divisão da História Moderna para a Contemporânea. Claramente inspirada nas ideias iluministas, foi um movimento que teve como lema: "liberdade, igualdade e fraternidade". Não só um movimento, mas realmente uma "revolução" que pôs fim ao Antigo Regime. Para quem não sabe, revolução é muito diferente de revolta, pois a revolução altera toda a ordem vigente, ou segundo a definição da Web: "é uma mudança fundamental no poder político ou na organização estrutural de uma sociedade e, que ocorre em um período relativamente curto de tempo. O termo é igualmente apropriado para descrever mudanças rápidas e profundas nos campos científico-tecnológico, econômico e comportamental humano." A Revolução Francesa mudou toda uma sociedade que existia até então. 
Antecedentes:
A França pré-revolucionária era uma sociedade baseada no Antigo Regime, sistema político onde vigorava o absolutismo, metalismo e mercantilismo, tendo o poder centrado
na pessoa do Rei. Ou lembrando da famosa frase do rei Luis XIV, que resume exatamente esse sistema: "O Estado sou eu!"
No Antigo Regime da França. a sociedade era dividade em três Estados, sendo que apenas o primeiro e o segundo, clero e nobreza, detinham todos os privilégios, riquezas e poder. O restante da sociedade era quem mantinha os dois primeiros estados, através do trabalho e dos impostos pagos por eles. Esse sistema teve origem na sociedade feudal, e embora a maior parte da Europa já viviam a Revolução Industrial, a França ainda era feudal, com o trabalho baseado na terra. 
A sociedade francesa
Os burgueses que se estavam no terceiro estado ansiavam por mudanças. Era um grupo, que também teve origem na sociedade feudal, basicamente de comerciantes que enriqueceram, mas por não serem nobres, não tinham direito nem à titulos, nem à administração ou participação na política do país. Esse grupo juntamente com os sans-culottes, (grupos de aristocratas, artesãos, trabalhadores ou pequenos proprietários de terras, que não faziam parte da nobreza, não usavam o culote, espécie de roupas da nobreza, ou seja, sem culote), é que fizeram a Revolução. 
Convocação dos Estados Gerais
A França estava passando por uma grave crise econômica, gastos excessivos da nobreza, gastos com a Guerra de Independência dos EUA, ocasionando arrombo nos cofres públicos; mais da metade da população trabalhava no campo e devido a vários fatores climáticos, a agricultura também entrou em crise, fazendo com os preços subissem, gerando fome e desempregos; a indústria têxtil também entrou em dificuldades, pois não tinha como concorrer com as indústrias ingleses, ocasionando mais desempregados. 
Tentando contornar a crise, o rei Luís XVI, convocou a Assembleia dos Estados Gerais. Era uma assembleia formada pelos representantes dos três Estados, e não se reunia há mais de 175 anos. 
O problema dessa assembleia era que a votação era feita por estado, o que sempre favorecia o primeiro e o segundo, que sempre acabavam por votar em manter seus privilégios e obrigar ao terceiro a sempre pagar mais impostos. Sabendo que iria perder, o terceiro estado exigiu a votação por cabeça, pois sendo assim, por terem maior numero de representantes, acabariam por vencer.
Sem conseguir nenhum entendimento, o Terceiro Estado se retira da assembleia, e se declaram em Assembleia Nacional, com o objetivo de criar uma constituição para a França.
A queda da Bastilha
No dia 14 de julho de 1789, revoltados com a notícia de que o Rei Luis XVI mandaria reprimir a Assembleia, populares da cidade de Paris saíram às ruas e tomaram a Bastilha, famosa prisão política da França, o símbolo do absolutismo. Oficialmente marcou-se o início da Revolução.
Vários focos de revolta se espalharam pelo interior. Camponeses se revelaram contra seus senhores, invadiram castelos. E enquanto a revolução se espalhava. no dia 04 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional Constituinte aboliu a servidão, os dízimos e os privilégios do clero e da nobreza, determinando assim, o fim do Antigo Regime. 
No dia 26 de agosto de 1789 é aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Que entre outros, garantia o direito à liberdade, à segurança, à liberdade de expressão, ao direito à propriedade, considerado inviolável, claramente ideais iluministas. 
Muitos nobres com medo da revolução fugiram da França  levando jóias e dinheiro. O Luis Luis XVI  tentou fugir com sua família, mas foi apanhada e, foi acusado de traição à pátria e levando a julgamento. 

A Convenção Nacional
 Após a tentativa estrangeira de invasão, foi proclamada a República em 22 de setembro de 1792, e Assembléia Constituinte foi substituída pela Convenção Nacional que tinha como uma das missões elaborar uma nova constituição para a França.
Era composta por 750 deputados e abrigava três impostantes grupos:

  • Girondinos: representavam a burguesia industrial e comercial. Defendiam o voto censitário, o direito à propriedade privada e eram contrários à participação popular na Revolução. Ficaram conhecidos como "grupo de direita".
  • Jacobinos: Defendiam um governo central forte, o voto universal e a participação popular no processo revolucionário. Por sentar-se a esquerda do presidente da Convenção, ficaram conhecidos como "grupo de esquerda"
  • Planície: composta por deputados que agiam conforme seus interesses: apoiavam os girondino, depois apoiavam os jacobinos. Sentavam-se ao centro.

Dessa separação na convenção é que surgiu os termos partidos de esquerda, de direita ou centro.
Após muitos debates, a Convenção considerou o rei Luis XVI culpado, e em janeiro de 1793, foi executado em praça pública, na guilhotina, sendo seguido por sua esposa a rainha Maria Antonieta. 

Os Jacobinos assumem o poder
A morte do rei gerou reações internas e externas. A Inglaterra uniu-se a países monarquistas e formou uma coligação para atacar a França. Para defender a revolução, os jacobinos criaram vários órgãos especiais, como o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. À frente do poder estiveram Robespierre, Marat e Danton. Tentando resolver a crise o Comitê distribuiu as terras dos nobres entre os milhares de camponeses, aboliu a escravidão nas colônias francesas, tornou o ensino primário obrigatório e gratuito e tabelou preços. Medidas que favoreciam as camadas populares mas que desgostou aos girondinos. 
Aumentou cada vez mais a tensão entre Jacobinos e Girondinos, e todos aqueles que fossem  suspeitos de conspirar contra a revolução passaram a ser condenadas à morte. Muitas pessoas foram mortas na Guilhotina nesse período, que ficou conhecido como Período do Terror.
Os Jacobinos chegaram a guilhotinar seus próprios líderes, como Danton e Herbert, causando uma grande revolta na população que deixou de apoiá-los. 
Aproveitando-se da situação, os Girondinos deram um golpe que derrubou os jacobinos: prenderam Robespierre e todos os líderes e os guilhotinaram. O poder passou às mãos dos Girondinos, que representavam a alta burguesia e não tinham interesse na participação da população. 

O Diretório
Com os girondinos no poder, foi elaborada uma nova constituição, que manteve a República e criou o Diretório, governo de 05 deputados. Neste período houve várias tentativas para controlar o descontentamento popular e afirmar o controle político da burguesia sobre o país.
Durante este período, a França voltou a receber ameaças das nações absolutistas vizinhas agravando a situação.
Nessa época, Napoleão Bonaparte ganhou prestígio como militar e com o apoio da burguesia e do exército, provocou um golpe.
Em 10 de novembro de 1799 - 18 de Brumário, segundo o calendário republicado - Napoleão apoiado por burgueses e militares tomou o poder, dissolveu o diretório e estabeleceu um novo governo chamado Consulado. Esse episódio ficou conhecido como 18 Brumário. Era o fim da Revolução Francesa ou Revolução Burguesa.
Mas por que Revolução Burguesa? Porque claramente não ouve uma participação popular direta, quem sempre esteve no controle foram os burgueses, fossem eles girondinos ou jacobinos. E podemos chamar de burguesa, na medida em que ela contribuiu para abrir caminho para o fim do Antigo Regime e consolidou o capitalismo comercial e industrial. A burguesia passou a ter voz ativa e alcançou o poder, que até então era privilégio apenas da nobreza. 












Saiba mais:

Documentário: Revolução Francesa
History Channel
Sinopse: Em julho de 1789, uma máfia de zangados parisienses invadiu e destruiu a Bastilha, um ato que foi ao longo do tempo ( devido à impotência do Estado de seu rei, Louis XVI ) deflagrar uma das revoluções mais sangrentas da história. Liderados por Robespierre e outros homens do Iluminismo, o que começou como uma luta contra uma monarquia ineficaz terminou como uma fase na história conhecida como o Terror.


Dica de Livros:

A Sombra da Guilhotina 
Autor: Hilary Mantel
Editora: Record

Sinopse
“Mais do que ficção histórica, um estudo fascinante sobre o poder e o preço que se paga por ele.”
Cosmopolitan

A Revolução Francesa é matéria perfeita para dramas históricos. Que o digam Alexandre Dumas e Charles Dickens. A inglesa Hilary Mantel segue a tradição desses dois grandes mestres da literatura mundial e cria, em A SOMBRA DA GUILHOTINA, um romance complexo e, ao mesmo tempo, um trabalho incrível de imaginação que revela cenas com as quais nem mesmo os melhores historiadores poderiam competir.

É na França instável e vigorosa que o destino de três jovens provincianos, cuja amizade foi cunhada sob o Antigo Regime, é traçado: Camille Desmoulins, um homem carismático e instável, conspirador inveterado e escritor de gênio; Georges Jacques Danton, advogado brilhante que soube atrair e usar o poder, ávido por deixar sua marca no mundo; e Maximilien Robespierre, cuja ambição e idealismo ajudaram a desatar o Terror.

São suas paixões e traições que se tornam os pilares da Revolução. Seus sentimentos e ambições destruirão um modo de vida e, como conseqüência, ajudarão a destruir a si próprios, esmagados sob o poder que criaram. Trazendo à vida a Paris do final do século XVIII com sua corte opulenta, seus mendigos, vendedores e cafés, A SOMBRA DA GUILHOTINA é o relato do vertiginoso início da Revolução Francesa visto pelos olhos dos homens envolvidos na queda de todo um modo de vida.

Considerado o mais perfeito romance já escrito sobre a Revolução Francesa, A SOMBRA DA GUILHOTINA ganhou o prêmio Livro do Ano do Sunday Express.

Hilary Mantel nasceu na Inglaterra em 1952. Estudou Direito e morou em diversos lugares ao redor do mundo, como Botswana e Arábia Saudita. Em 2006, foi condecorada com o título de comendador da Ordem do Império Britânico. Mantel também foi a vencedora do prêmio Booker Prize 2009, por sua obra "Wolf Hall", uma ficção-histórica que se passa na corte do rei Henrique VIII. Ainda sem tradução no Brasil.

A Sombra da Guilhotina - Hilary Mantel



A Revolução Francesa
Autor: Eric J. Hobsbawm
Editora: Paz e Terra

Sinopse

Eric J. Hobsbawm afirmou que a comemoração do bicentenário da Revolução Francesa foi organizada pelos que a detestam. A frase demonstra como o cadáver insepulto do movimento que fundou a modernidade incomoda tanto ainda aqueles que antes reivindicavam ser seus herdeiros.
Hobsbawm um dos maiores historiadores contemporâneos, falecido ano passado, demonstra de maneira clara os principais acontecimentos da Revolução Francesa e qual foi a sua importância tanto para o período, quanto para os dias de hoje.



Referências:
BOULOS, Alfredo Júnior. História, Sociedade & Cidadania. Ed. FTD. São Paulo - 2012 - 2a. edição. p.114-124.
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/