quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O NASCIMENTO E EXPANSÃO DO ISLÃ



A civilização árabe-islâmica surgiu e espalhou-se a partir da Península Arábica. Cerca  de 80% de seu território é constituído por desertos. Na região que margeia o Mar Vermelho as terras são férteis, favoráveis ao desenvolvimento da agricultura. 
Viviam na região diversos povos, organizados em tribos ou clãs, e não possuíam unidade politica.
Até o século VI, ligavam-se por laços de parentesco e por elementos culturais comuns. Falavam o mesmo idioma, com apenas algumas variações linguísticas. Eram politeístas e cada tribo possuía suas próprias divindades. Porém, existia um elemento religioso comum, a Caaba, um templo de forma cúbica, na cidade de Meca, onde ficavam muitos ídolos tribais, em especial a Pedra Negra, que era adorada por toda a população. Segundo a crença geral, essa pedra havia sido trazida pelo anjo Gabriel e era originalmente branca, mas tornou-se negra por causa dos pecados dos homens.
As constantes peregrinações dos árabes à Caaba transformaram Meca no principal entreposto comercial de toda a península. A tribo coraixita, guardiã da Caaba, controlava todas as atividades comerciais da cidade.
No século VII, Maomé fundou o islamismo, que acabou por proporcionar a unificação da Arábia. 
Quando iniciou suas pregações, Maomé dizia que os ídolos da Caaba deviam ser destruídos, pois só havia uma deus criador, Alá. Isso provocou a reação dos sacerdotes de Meca. Obrigado a deixar Meca em 622, Maomé refugiu-se e Yathrib, que mais tarde passou a ser chamada de Medina, que significa "cidade do profeta". Pela importância dessa fuga, o ano em que ela ocorreu 622, passou a ser o primeiro ano do calendário muçulmano, episódio chamado de Hégira.
Após uma série de lutas, Maomé e seus seguidores, voltaram vitoriosos para Meca. Contudo, preservou a Caaba e a Pedra Negra. Dedicou os últimos anos de sua vida à pregação religiosa entre os árabes. A partir daí, o islamismo expandiu-se por toda a Arábia, e os diversos povos foram se unificando em torno da nova religião. Por meio da identidade religiosa, criou-se outra organização política e social entre os árabes.


A expansão islâmica
Maomé e seus seguidores criaram o Estado muçulmano, de governo teocrático, que se expandiu por meio de conquistas militares. Após a morte de Maomé em 632, a chefia do Estado árabe ficou nas mãos dos califas, chefes políticos, religiosos e militares. Esses novos chefes conduziram os árabes à Guerra Santa e, com isso, formaram um grande império. 
Várias foram as motivações dessa expansão: a busca por terras férteis, o interesse na ampliação das atividades comerciais e as Guerras Santas (djihad) contra os infiéis, aqueles que não seguiam o Islã.

Fases da expansão
  • Primeira fase (632-661) - os árabes gradativamente conquistaram a Síria, o Egito, a Palestina e a Pérsia, realizados pelos califas eleitos depois de Maomé.
  • Segunda fase (661-750) - no século VII, sob a dinastia dos califas Omíadas, rapidamente atingiram todo o norte da África e no início do século VIII, atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica. Ao tentarem entrar na França, foram detidos por Carlos Martel, na famosa Batalha de Poitiers (732). Nesse mesmo período, alcançaram o Turquestão, o Irã, levando as fronteiras até a Índia, onde foram detidos pelos exércitos chineses. 
  • Terceira fase (750-1258) - período da dinastia dos califas Abássidas, marcado pela ascensão dos persas ao mundo islâmico.

O Império Muçulmano organizou-se sob um regime monárquico de governo, que tinha à frente o califa. Estava dividido em províncias, cada uma governada por um emir. A capital foi transferida para Damasco e no século VIII para Bagdá. 
A partir do século XI, o Império se desfragmentou devido a vários fatores: lutas internas, guerras contra os cristãos, diversidade de povos e a invasão dos turcos. 











Difusão de conhecimentos
Do frequente contato, mantido durante séculos, entre as civilizações cristã e muçulmana, resultou um intercâmbio cultural cujos vestígios chegam até nossos dias. 
Nas ciências, os árabes mostraram-se hábeis discípulos dos pensadores gregos e dos matemáticos hindus: foram eles que introduziram no mundo ocidental europeu a numeração arábica, o conhecimento do zero e a utilização da álgebra. 
Na Astronomia, fundaram vários observatórios astronômicos, realizando observações de de eclipses solares e lunares.
Na medicina, destacou-se Avicena, o qual elaborou um compêndio que era uma codificação de todo o conhecimento médico antigo. 
Nas artes, possuíam um rico e variado estilo arquitetônico, com a presença de arcos, finas colunas e cúpulas que sustentavam as mesquitas e palácios. Destacam-se a mesquita de Córdoba, com mais de mil colunas monolíticas, e o palácio de Alhambra, em Granada, ambos na Espanha, herança da dominação dos muçulmanos na região da Península Ibérica. 
Sem contar que foi por intermédio dos árabes que chegaram à Europa inventos dos povos orientais, como a bússola, a pólvora e o papel. 


Referências : ORDOÑEZ, Marlene. Novo caderno do futuro. Ed. IBEP. São Paulo, 2007. p. 115 a 119.
COTRIM, Gilberto. História Global e Geral, volume único. Ed. Saraiva. São Paulo, 2007. p. 105 a 111.




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