A Revolução Russa de 1917 foi um período conturbado da história Russa e que definitivamente mudou não só o próprio país como o mundo. Derrubou o poder do czar absolutista e deu origem ao primeiro país comunista da História.
Mas antes de falar da Revolução Russa, é necessário entender o que é comunismo e socialismo.
Segundo o guia do estudante: "Dentro da teoria marxista elaborada no século XIX, comunismo e socialismo seriam duas etapas sucessivas no desenvolvimento da sociedade humana, ocorrendo após o colapso do sistema capitalista. O socialismo seria caracterizado pela abolição da propriedade privada dos meios de produção e a instalação de um estado forte ("ditadura do proletariado"), capaz de consolidar o regime e promover a diminuição da desigualdade social. No comunismo, o próprio estado seria abolido, com a instauração de uma igualdade radical entre os homens.
Todavia, na prática política do século XX, as duas palavras ganharam outro significado. O termo comunismo passou a se referir a movimentos políticos revolucionários de origem marxista e aos estados que surgiram a partir daí (União Soviética, China), caracterizados pela abolição da propriedade privada dos meios de produção e autoritarismo político. O termo socialismo passou a se referir a grupos reformistas, que ambicionavam a realização de mudanças sociais através do voto, preservando a democracia liberal. Assim, existiram governos socialistas na França, Inglaterra (através do trabalhismo), Alemanha (através da social-democracia), países escandinavos e outros."
Ambas teorias são bem parecidas e muitas vezes se confundem, mas segundo Marx, o socialismo é apenas uma etapa para se chegar ao comunismo, que deveria substituir o capitalismo, e por fim a divisão de classes sociais e do Estado. Enquanto que no socialismo tem-se o Estado para organizar as estruturas, no comunismo tem apenas os proletários. "No socialismo, a sociedade controlaria a produção e a distribuição dos bens em sistema de igualdade e cooperação. Esse processo culminaria no comunismo, no qual todos os trabalhadores seriam os proprietários de seu trabalho e dos bens de produção", diz a historiadora Cristina Meneguello, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Então podemos dizer, que nenhum país chegou ao comunismo de fato, mas se tornaram apenas socialistas.
Bom, voltando a Rússia, então podemos dizer que esse enorme, gigantesco país, se tornou no primeiro Estado socialista da história, mas que no fim, não conseguiu chegar ao comunismo.
A Rússia czarista
Em pleno século XIX, a Rússia viviam como na Idade Média. Seu sistema de governo era a monarquia absolutista e todo o poder se concentrava nas mãos do czar (é o título utilizado pelo imperador russo, que tem origem no título do imperador romano César). Os camponeses que compunham cerca de 80% da população, viviam como servos, totalmente dependentes de seus senhores.
Várias rebeliões camponesas estouraram nesse período, e a servidão só foi abolida em 1861. Mas para se tornarem livres, os ex-servos foram obrigados a pagar indenizações ao czar por 49 anos, ou seja, nada mudou. A população continuou sendo explorada!
A Rússia só começou a se modernizar apenas na segunda metade do século XIX, graças aos investimentos de capitais estrangeiros. E as poucas industrias que chegaram em nada melhoraram a vida da já sofrida população. Nas fábricas, pagavam-se baixos salários com jornadas de trabalho chegando a 14 horas por dia. E insatisfeitos, o operariado russo promovia greves e passeatas.
Ideias marxistas começaram a chegar na Rússia. Intelectuais operários russos organizaram vários agrupamentos políticos, que acabaram por dar origem aos Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Esse partido foi duramente reprimido, seus líderes foram cassados e deixaram a Rússia. Por fim, se organizaram no exterior, mas acabaram-se por dividir-se:
Bolcheviques (maioria) - tinham como líder Vladimir Ulianov (Lênin), queriam conquistar o poder por meio de uma revolução socialista,
Mencheviques (minoria) - liderados por Martov, defendiam a ideia de aliar-se à burguesia, e acreditavam que o socialismo só deveria ser implantado através de eleições.
O Domingo Sangrento
Em 1905, insatisfeitos com a situação da Rússia, operários em greve e suas famílias caminharam pelas ruas de São Petersburgo, em direção ao Palácio de Inverno, com a intenção de levar um abaixo-assinado ao czar, solicitando algumas melhorias. Porém, foram recebidos pelos soldados do czar a balas. Mais de mil manifestantes foram mortos e muitos outros feridos.
Na sequência várias greves e revoltas estouraram por toda a Rússia, todas reprimidas duramente. Populares reagiram criando os primeiros sovietes, conselhos de deputados eleitos por operários, camponeses e soldados.
A Rússia na Primeira Guerra Mundial
Em 1914, decidida a controlar o acesso do Mar Negro ao Mar Mediterrâneo, a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial. Sem condições financeiras e sem treinamento adequado, em pouco tempo, milhões de soldados foram mortos. As derrotas contra o exército alemão seguiram-se uma após a outra, gerando uma onda de insatisfação entre a população, que já era atingida pelo desemprego, fome e inflação.
Em 23 de fevereiro de 1917 (calendário juliano, seguido pelos Russos), operários revoltados seguiram em direção ao palácio do governo. No caminho, soldados também insatisfeitos, uniram-se aos manifestantes, que juntos, invadiram o Palácio de Inverno e derrubaram o czar. Começava assim, oficialmente, a Revolução Russa.
O governo provisório
O governo provisório, liderado por políticos moderados como Kerenski, procurou diminuir a insatisfação popular libertando os presos políticos, permitindo a volta dos exilados e concedendo liberdade de imprensa e associação. Porém, não atendeu ao maior anseio da população, que era a saída da guerra.
Ao retornar à Rússia, o líder bolchevique Lenin, passou a defender a derrubada do governo provisório, e a retirada da Rússia da guerra e repartição de terras entre os camponeses. Defendia o lema: "Todo poder aos sovietes" e "Paz, terra e pão".
Conflitos entre os dois grupos culminaram com a segunda parte da Revolução. No dia 27 de outubro de 1917, os bolcheviques liderados por Lenin e Trotsky, derrubaram o governo provisório,
O governo de Lenin e a Guerra Civil
O governo bolchevique liderado por Lenin adotou várias medidas:
- propôs a paz aos alemães: em 3 de março de 1918, a Rússia saiu da guerra e assinou com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk;
- confiscou as terras da família real, dos nobres e da Igreja ortodoxa e distribuiu-a aos camponeses;
- estatizou a economia.
Essas medidas bolcheviques provocaram a reação dos chamados russos brancos (monarquistas, mencheviques e liberais). Teve início a guerra civil que durou três anos (1918-1921). De um lado estava o Exército Branco ajudado por potências capitalistas (Inglaterra, Estados Unidos e Japão), que temiam a expansão do comunismo; de outro, o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky, defensor da Revolução.
A guerra civil terminou com a vitória dos Bolcheviques. Começando a partir daí, a Rússia comunista.
Em dezembro de 1922, um grande congresso fundou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Por fim, em 1924 ocorre a morte de Lenin, abrindo caminho para uma disputa pelo poder, entre Trotsky e Stálin. Stálin saiu como vencedor, Trotsky foi exilado e pouco tempo depois assassinado no México.
Stálin estabeleceu uma ditadura, conhecida como stalinismo e governou a União Soviética de 1929 até sua morte em 1953.
Referências:
BOULOS, Alfredo. História, Sociedade & Cidadania, 9o ano. Editora FTD. São Paulo - 2012- 2a. edição. p. 44-54.
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/pergunte-professor/historia-comunismo-socialismo-687363.shtml
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-a-diferenca-entre-comunismo-e-socialismo-existiu-algum-pais-realmente-comunistaSaiba mais:
