quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


 Independência ou morte  de 1822 que nos tornou independente (há quem diga que o grito do Ipiranga não foi como fizeram parecer), mas ela remete bem antes, exatamente no ano de 1808, com a fuga da família Real para o Brasil. Fuga? Como assim? Pois é, a excelentíssima família Real foi literalmente obrigada a fugir de Napoleão Bonaparte!
A independência do Brasil não aconteceu da noite para o dia. Não foi o grito de Napoleão Bonaparte, conquistou com seus exércitos praticamente todo o continente europeu, na conhecida Era Napoleônica, e Portugal não foi exceção! Digamos que exceção foi a Inglaterra! E desde as suas origens como monarquias nacionais, França e Inglaterra disputaram tronos, territórios e poderio. No século XIX, a Inglaterra era uma grande potência mundial, dominadora dos mares, e a França sob o domínio de Napoleão não era capaz de detê-la, então, para enfraquecê-la, decretou o BLOQUEIO CONTINENTAL, determinando que todos os países europeus fechassem seus portos e proibindo-os de comercializar com ela. Portugal que era aliado da Inglaterra e não tinha poderio militar para enfrentar a França, já que a mesma ameaçava-o de invadir suas fronteiras, não viu outra alternativa, senão fugir! 
Então, no dia 29 de novembro de 1807, escoltados pela marinha inglesa, D. João VI, toda a família real e toda a sua corte, composta de cerca de 10 a 15 mil pessoas, partiram para o Brasil, que nessa época era sua colônia. Partiram, levando tudo o que era possível carregar, documentos, riquezas, entre outras coisas. Saíram fugidos, disfarçados e não se despediram do povo. Deixaram para trás Portugal entregues às mãos das tropas napoleônicas. 
Ruim para Portugal, excelente para o Brasil! A vinda da família Real para cá, representou o fim do monopólio comercial, fim do Pacto Colonial e o início da emancipação política e administrativa do Brasil. 
Bom também para a Inglaterra, que escoltou a família Real não por bondade, mas por interesses comerciais, E prova disso, foi que no dia 28 de janeiro de 1808, D. João VI foi obrigado a assinar a Abertura dos Portos às Nações Amigas, que definitivamente pôs fim ao Pacto Colonial. Agora o Brasil poderia comercializar com quem quisesse, em especial a Inglaterra, que vivia a todo vapor a sua Revolução Industrial e, precisava de mercados consumidores para seus produtos. 
Na sequência foi assinado também com a Inglaterra O Tratado de Comércio e Navegação de 1810, que fixava em 15% a taxa alfandegária de produtos ingleses, favorecendo a entrada desses produtos no Brasil. Lembrando que produtos de outras nações pagavam uma taxa de 24%.
A vinda da família real trouxe vários benefícios para o Brasil, pois para abrigar a corte, foi necessário uma reestruturação de toda a administração da colônia. Houve a criação de vários órgãos como o Banco do Brasil, Biblioteca Real, Academia Militar, da Marinha e do Hospital Militar, Jardim Botânico, Academia de Belas-Artes e a Missão Francesa, presença maciça de vários artistas franceses, fundação da Imprensa Régia, ensino superior, entre outras coisas. E definitivamente o Brasil deixa de ser colônia, pois em 1815 é elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.

COMO O BRASIL CHEGOU A INDEPENDÊNCIA
Em 1817 ocorre a Revolução Pernambucana, movimento que ultrapassou as fronteiras da conspiração e atingiu o poder. Insatisfeitos com o aumento dos impostos, alta dos preços, baixos salários, falta de alimentos devido a problemas climáticos (seca), os pernambucanos começaram a se organizar.
Como vários outros movimentos anteriores, os pernambucanos também foram inspirados nos ideais da Revolução Francesa, de liberdade, igualdade e fraternidade e no movimento de independência dos Estados Unidos.
Tinham por objetivos: proclamar uma República, acabar com impostos, elaborar uma Constituição, liberdade religiosa e de imprensa e igualdade entre todos. 
Chegaram a tomar o poder e até a constituir um governo provisório. Porém, D. João VI juntou tropas, armas, munições e navios e combateu os rebeldes. Foram reprimidos violentamente. Todos os líderes foram mortos, inclusive Domingos José Martins, padre Miguelinho, Domingos Teotônio Jorge, padre João Ribeiro Pessoa e José Luis de Mendonça.
Por fim, Napoleão Bonaparte é vencido e, a Europa volta as configurações de antes das Guerras Napoleônicas, no chamado Congresso de Viena. Portugal livre do domínio da França, fica sob o poder da burguesia. Os que ficaram em Portugal se sentiram traídos com as atitudes do rei D. João VI, pois perderam os monopólio do comércio brasileiro, organizaram um movimento de caráter liberal, que estourou em agosto de 1920,e que se espalhou por todo o país, alcançando todos os setores da população. Os rebeldes assumem o poder e, elaboram uma Constituição Liberal que limitava os poderes do rei.
As cortes imediatamente, exigem o retorno de D. João VI para Portugal. Sem condições de escolher e pressionado pelas tropas portuguesas, parte para Portugal no dia 26 de abril de 1821, deixando seu filho D. Pedro como príncipe regente. 
D. João VI retornou mas praticamente sem nenhum poder. O país estava sendo controlado pelas Cortes de Lisboa que tinham o interesse de recuperar a economia do país e para isso, pretendia recolonizar o Brasil.
O Brasil não era independente oficialmente, mas já tinha conquistado sua autonomia. As classes sociais dominantes, as elites, não estava dispostas a perder tudo o que haviam conquistado e, se a Cortes conseguissem seu intento, o Brasil voltaria a estaca zero, de antes de 1808, com a abertura dos portos. Esses grandes proprietários se organizaram em torno do príncipe regente dando-lhe o máximo de apoio possível, para que desobedecesse às ordens de Portugal.
Formou-se no Brasil o Partidos Brasileiro, aqueles que lutavam pela autonomia política do pais contra o Partido Português, grupos de fazendeiros e comerciantes, tanto brasileiros como portugueses, que eram a favor da recolonização do Brasil.
Homens como José Bonifácio, Gonçalves Ledo e Cipriano Barata organizaram um documento com cerca de 8 mil assinaturas solicitando que o príncipe permanecesse no Brasil, já que as Cortes exigiam seu retorno. Concordando em ficar, esse dia ficou conhecido como o Dia do Fico, 09 de janeiro de 1822.
Em 04 de maio de 1822, D. Pedro determinou que nenhum ordem vinda de Portugal seria obedecida sem sua autorização. 
As cortes portuguesas pressionavam de um lado, tentado minar a autoridade de D. Pedro e os brasileiros de outro, a independência tornou-se inevitável. Em 07 de setembro de 1822, D. Pedro recebeu duas cartas: uma das Cortes, anulando seus poderes no Brasil e ameaçando-o fazê-lo retornar a força; e outro de José Bonifácio dizendo que ou ele retornava a Portugal como prisioneiro ou proclamasse a independência. Resultado: nesse mesmo dia, em São Paulo, às margens do riacho do Ipiranga, chegando de uma viagem ao litoral, D. Pedro proclama oficialmente a independência do Brasil. 
Segundo COTRIM (1995): "A Independência brasileira foi um processo inteiramente comandado pelas classes dominantes. Por isso, em nada modificou as duras condições de vida da maioria dos brasileiros. [...]
A independência tinha como finalidade preservar a liberdade de comércio e a autonomia administrativa do país. [...]
O Brasil "independente" também não conquistou uma verdadeira libertação nacional, pois saiu dos laços coloniais portugueses para cair na dominação capitalista da Inglaterra." p. 153.
A independência do Brasil foi um acordo político entre D. Pedro e as classes dominantes. Manteve a Monarquia, a escravidão e a grande propriedade.




Referências: COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil. São Paulo. Ed. Saraiva. 1995. p.141-153.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Conjuração Mineira X Conjuração Baiana





 Tanto a Conjuração Mineira (Inconfidência Mineira) como a Conjuração Baiana foram rebeliões de contestação do sistema colonial.
Desde o início da colonização, Portugal só tinha um objetivo: explorar ao máximo sua colônia. E esta era a regra do sistema colonial, o comumente conhecido como PACTO COLONIAL.
Mas o que era o Pacto Colonial? Regras que determinavam a relação de domínio político e econômico da metrópole sobre a colônia, ou Exclusivo Metropolitano, garantindo o comércio exclusivo entre os dois. A colônia jamais poderia comercializar com qualquer outro país, no caso do Brasil, somente com Portugal. Uma das regras fundamentais do Pacto, dizia que a colônia só podia produzir aquilo que a Metrópole não tinha condições de fazer. Jamais poderia concorrer com ela. 
Mas como nada dura para sempre, o sistema colonial entrou em declínio, principalmente em virtude do advento do capitalismo industrial, iniciado na I Revolução Industrial Inglesa. A lógica do capitalismo industrial dizia que o trabalhador necessitava de salário para ter poder de compra. Ele produz, recebe e gasta com produtos produzidos pelas indústrias. Um novo sistema totalmente contrário ao sistema até então vigente. No sistema colonial, o trabalho é escravo, escravo não tem salário, não tem poder de compra. O comércio é monopolizado pela Metrópole.
Mas o que isso tem a ver com o Brasil? Tudo! Segundo COTRIM: "Até o final do século XVII, Portugal explorou o Brasil com relativa tranquilidade. Havia um 'acordo de comadres' entre a elite colonial e o governo português, em função de interesses econômicos comuns. Mas, a partir de um certo momento, continuar explorando a Colônia significava também incentivar algum desenvolvimento. E com o desenvolvimento, poderiam surgir ideias de independência em relação à Metrópole, algo de que o governo português nem queria ouvir falar. Essa contradição acabou gerando revoltas, que pipocaram pelo Brasil. O interessante é que nem todas tinham o objetivo de separar do Brasil. Das que buscavam esse objetivo, a mais famosa foi a Inconfidência Mineira, uma rebelião que não empolgou nem pobres nem escravos." p.131
O Pacto Colonial no Brasil só chegou ao fim quando a família Real portuguesa se estabeleceu aqui, em 1808. Mas antes que esse fato ocorresse, esse sistema foi cada vez mais enfraquecendo. 
As ideias Iluministas, Revolução Francesa e Independência dos Estados Unidos também influenciaram esses movimentos, que de uma maneira ou de outra, estavam rompendo os laços com o já falido sistema colonial. 



Conjuração Mineira (1789)
A Conjuração Mineira ocorreu em Minas Gerais, no ano de 1789, foi um movimento composto basicamente das elites mineiras. Essas famílias, prósperas, devido a exploração do ouro, enviou seus filhos para estudar na Europa. Sendo assim, esses jovens tiveram contato com as ideias Iluministas e as trouxeram para cá. O sistema colonial entrava em contradição com as ideias liberais burguesas, também responsável pela Revolução Francesa. Gerando um clima de revolta.
No final do século XVIII a quantidade de outro começou a diminuir, gerando atrasos nos impostos. Portugal insatisfeito, acusou os colonos de desvio do ouro, e continuou pressionando os mesmos a pagar os impostos e ameaçando a realizar as "derrama" - cobrança pela força dos impostos atrasados.
Insatisfeitos, um grupo de intelectuais e membros da elite mineira, organizaram um movimento de rebelião, uma insurreição, com ideias de transformar Minas Gerais em um país livre e republicano (tal como os Estados Unidos); desenvolver indústrias; criar uma universidade em Vila Rica; criar o serviço militar obrigatório; entre outros.
Participavam desse grupo, pessoas como os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Francisco Antônio Lopes, o padre Rolim, o cônego Luis Vieira da Silva, o minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto e o alferes Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes).
A insurreição estava marcada para o dia em que fosse decretada a derrama. Porém os inconfidentes tinham muitos planos, mas pouco tempo e pouca estrutura para organizar o movimento. E não possuíam apoio militar, já que o movimento propriamente dito, só favorecia os mais ricos.
O movimento não chegou a acontecer, pois o coronel Joaquim Silvério dos Reis delatou-os ao governador de Minas Gerais. Em troca, Silvério conseguiu o perdão para suas dívidas.
Todos os participante da Conjuração Mineira foram presos, julgados e condenados. Onze deles haviam recebido a sentença de morte, porém a Rainha Maria de Portugal, mudou a pena para degredo perpétuo (exílio) para as colônias portuguesas da África. Somente Tiradentes foi condenado (sendo o mais pobre de todos), acusado de crime de Lesa Majestade, foi enforcado em praça pública, no Rio de Janeiro. Foi esquartejado e sua cabeça foi levada para Vila Rica e pendurada em um poste, o resto do corpo dividido em quatro partes foi pregado pelos caminhos de Minas Gerais. Sua casa foi destruída e salgada. Seus possíveis filhos foram declarados infames. A ideia era usar Tiradentes como exemplo, para que ninguém mais se revoltasse.
Para COTRIM,  a Inconfidência Mineira não foi uma revolta de caráter popular. Visava apenas o fim da opressão portuguesa que prejudicava a elite mineira. Não tinha como finalidade acabar com a opressão social interna, que atingia a maioria da população.



A Conjuração Baiana
A Conjuração Baiana ocorreu na Bahia, na cidade de Salvador, no ano de 1798, cerca de dez anos depois da Conjuração Mineira.
Diferente do primeiro movimento, A Conjuração Baiana também conhecida como Revolta dos Alfaiates, foi um movimento de caráter popular, pois seus objetivos estavam mais voltados às aspirações do povo, reinvidicando reformas contra as injustiças sociais e raciais da época.
Participaram do movimento alguns intelectuais - inspirados pelos ideais iluministas de liberdade e igualdade -, alguns brancos da elite, mas com a grande participação de alfaiates, soldados, escravos, ex-escravos, pessoas mais pobres da população. 
A miséria da população naquele período era grande e, crescia com os impostos, alta dos preços e falta de produtos de primeira necessidade. O povo insatisfeito, saqueava os armazéns.
Dentre as principais ideias do movimento, estavam a independência do Brasil, libertação dos escravos e a criação de um governo republicano.
Os conspiradores realizaram muitas reuniões, onde discutiam as ideias iluministas e, chegaram a espalhar muitos panfletos com críticas ao governo. Um dos documentos dizia: "Animai-vos, povo baiense, que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade, o tempo em que seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais".
O movimento não chegou a acontecer, como a Inconfidência Mineira, foi deletado. Mais de 30 participantes foram presos e processados. Os mais pobres, como o alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos, e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram enforcados e esquartejados. Os escravos foram açoitados no pelourinho e outros foram degredados. Os mais ricos conseguiram escapar da condenação.
A Conjuração Baiana foi o primeiro movimento com ideias emancipacionistas com  grande participação popular e que buscava o fim da escravidão.


















Leia o texto abaixo para entender as diferenças entre as Conjurações Mineira e Baiana:


  "Na Inconfidência Mineira, prevaleceu o tipo de motivação “mais colonial do que social”. A inquietação teve por base a coerção exercida pela Metrópole através da cobrança dos impostos sobre a produção aurífera. A revolução foi dirigida pelos proprietários, “homens de possibilidades”, diria Tiradentes, dessa região em plena decadência econômica.
                   Já na Inconfidência Baiana, prevalece o tipo de motivação “antes social que colonial”. A revolução foi impulsionada pela participação de pequenos artesãos, militares de baixo escalão, escravos e demais setores populares. Neste modelo, a ruptura se dá em três níveis: separação da Colônia, mudança das instituições políticas e reorganização da sociedade em novas bases.
                   O pensamento mais radical da Inconfidência Baiana é o de Manuel da Santa Ana, que pretendia estabelecer “uma República de igualdade”.
                   Mas o que verdadeiramente dá uma dimensão-limite à Inconfidência Baiana é a perspectiva da emancipação dos negros, o que implicaria a ruptura da sociedade estamental escravocrata e de toda a superestrutura sobre ela assentada. Essa posição, entretanto, não tinha possibilidade de vingar, pois as condições sociais ainda não estavam maduras para permitir uma mudança “dentro” da sociedade colonial. A contradição principal dava-se entre setores dominantes da Colônia e a Metrópole: a empresa colonial produzira homens que, já nos fins do século XVIII, “não mais se honram do nome português”. São os proprietários que começavam a se opor ao processo de colonização, obstáculo ao livre desenvolvimento dos seus “cabedais” (patrimônios), no momento mais crítico do sistema colonial.
                   O sentimento nacionalista, vinculado à propriedade, iria significar uma fratura no processo de colonização e o despertar da consciência nacional."


 CELSO FREDERICO
A ideia de revolução no Brasil colonial. In: Revista de História, São Paulo  -  Fragmentos.





Referências:
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil, Ed. Saraiva, São Paulo, 1995. p.131-139.
RODRIGUES, Joelza Ester Domingues. História em Documento. Ed. FTD, São Paulo, 2009. p. 72-74.

Saiba mais:

Novo Telecurso - Ensino Fundamental - História - Aula 13.







segunda-feira, 19 de maio de 2014

ANTIGA CIVILIZAÇÃO CHINESA

A China é tão antiga quanto Egito e Mesopotâmia, surgiu simultaneamente com essas civilizações. Semelhante às civilizações do Crescente Fértil, os primeiros habitantes da região, habitaram às margens dos rios Hoang-ho (rio amarelo) e Iang-tsé (rio Azul) e, formaram sociedades bastante complexas. Em aproximadamente 3000 a.C, a agricultura e a domesticação de animais já eram atividades comuns nessas regiões. As sociedades que surgiram eram fortemente hierarquizadas, compostas por milhares de camponeses, além de nobres, religiosos e militares.
A China é um dos maiores países em extensão territorial do mundo, e o de maior população do, com cerca de 1,36 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da terra. Hoje é conhecida como Republica Popular da China, com um regime político comunista, unipartidarista, mas com algumas características capitalistas. Mas nem sempre foi assim, a China um dia também foi um dos grandes impérios da antiguidade, embora pouco se tenha falado sobre esse importante período de sua história.
Sua paisagem é variada, com florestas de estepes e desertos (como os de Gobi e de Taklamakan) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e da Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul úmido e quente, próximo ao Vietnã, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, o litoral leste da China continental é de baixa altitude e tem uma longa faixa costeira de 14 500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além de onde estão Taiwan, Coreia (Norte e Sul) e Japão.
Imagina governar um país tão extenso e tão diferente geograficamente falando? Pois é, os imperadores chineses que o digam. Então, vamos conhecer um pouco dessa longa história.
Antes da unificação ocorrer, por volta do século IV a.C. a China era dividida em vários reinos que disputavam o poder entre si, eram os Reinos Guerreiros ou Reinos Combatentes, sendo os principais: Chin, Chao, Chu, Chi, Kan, Wei e Yen.
No ano 221 a.C., Qin Shi Huang (ou Hoang-Ti) pôs fim às lutas dos Reinos Combatentes e fundou a dinastia Qin (Chin). A centralização do poder permitiu o crescimento e a  prosperidade do império.
















Enquanto esteve no poder, Qin Shi promoveu diversas realizações para unificar o país:

  • padronizou a escrita;
  • construiu canais e redes de irrigação;
  • estabeleceu uma moeda;
  • iniciou a construção da Grande Muralha da China que visava defender o país contra as ameaças de invasões vindas do norte ( é uma impressionante estrutura de arquitetura milenar. Consistia de diversas muralhas, e foi construída ao longo pouco mais de 2000 anos, começando no ano de 220 a.C e sendo terminada no secúlo XV, durante a Dinastia Ming).
O imperador Qin ou Ch´in também construiu para si um mausoléo que ficou famoso pelas 8 mil figuras de soldados e cavalos de terracota enterrado juntos.

A Dinastia Han

Diversas revoltas puseram fim à dinastia Qin. A mais importante delas permitiu que Liu Ban (256-195 a.C), membro do governo Qin, fundasse a Dinastia Han em 206 a.C.
A Dinastia Han estabilizou as fronteiras do império ao norte, combatendo os Hunos, e conquistou territórios ao sul. Para manter o poder centralizado, os Han procuraram apoio da nobreza, e reintroduziram o sistema de principados e de poderes locais.
Esse sistema estabeleceu um novo arco de alianças, restabeleceu a paz e ofereceu condições para a ampliação dos limites territoriais. O poderio dessa dinastia durou séculos e gerou grande prosperidade e crescimento para o império.
No século III novos conflitos levaram a derrubada da Dinastia Han, levando a ascensão da Dinastia Tang (Séculos VII a X), seguida pela dinastia Sung (séculos X a XIII). Durante essa dinastia, a China tornou-se um poderio militar e marítimo na Ásia, mantendo comércio do sudoeste asiático ao Golfo Pérsico. 
No final do século XIII o império chinês foi invadido pelos mongóis liderados pelo famoso Gengis Khan, que deu início a uma nova dinastia: Yuan.
Na segunda metade do século XIV, os mongóis foram derrotados pelos camponeses, e a dinastia Ming assumiu o controle da China, iniciando um período de grande prosperidade política, econômica e cultural.

ROTA DA SEDA
Era uma série de rotas interligadas através da Ásia do Sul, usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Eram transpostas por caravanas e embarcações oceânicas que ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa, provavelmente estabelecidas a partir do oitavo milênio a.C. – os antigos povos do Saara possuíam animais domésticos provenientes da Ásia – e foram fundamentais para as trocas entre estes continentes até à descoberta do caminho marítimo para a Índia. Conectava Chang'an (atual Xi'an) na República Popular da China até Antioquia na Ásia Menor, assim como a outros locais. Sua influência expandiu-se até a Coreia e o Japão. Formava a maior rede comercial do Mundo Antigo.
Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno.
Os Chineses aprenderam a fabricar a seda a partir da fibra branca dos casulos dos bichos da seda. Só os Chineses sabiam como fabricá-las e mantinha esse segredo muito bem guardado. Quando eles, os chineses, começaram a fazer contato com cidades ocidentais, encontraram pessoas muito dispostas a pagar muito caro por esse produto.
Um lado muito positivo desse processo de produção da seda, e principalmente de todas essas rotas dedicadas ao transporte dela, foi que os dois lados (tanto a China produtora, quanto a o ocidente como mercado consumidor) aprenderam muito sobre essas diversas culturas e isso fez com que expandisse suas ideias sobre o mundo.


TUMBA DO IMPERADOR QIN
Exército de terracota, Guerreiros de Xian ou ainda Exército do imperador Qin, é uma coleção de mais de oito mil figuras de guerreiros e cavalos em terracota, em tamanho natural, encontradas próximas do mausoléu do primeiro imperador da China. Foram descobertas em 1974, próximas de Xian.
As imagens em terracota foram enterradas junto ao mausoléu do primeiro imperador, Qin Shihuang em c. 259-210 a.C. e foram descobertas em março de 1974 por agricultores locais que escavavam um poço de água a leste do monte Lishan, uma elevação de terra feita por mãos humanas e que contém a necrópole do primeiro imperador da dinastia Qin. A construção desse mausoléu começou em 246 a.C. e acredita-se que 700.000 trabalhadores e artesãos levaram 38 anos para a completar. De acordo com o historiador Sima Qian, na obra Registros do Historiador (c. 100 a.C.), o imperador foi enterrado em 210 a.C. juntamente com grandes tesouros e objetos artísticos, bem como com uma réplica do mundo onde pedras preciosas representavam os astros, pérolas os planetas e lagos de mercúrio representavam os mares.
A tumba fica perto de uma pirâmide de terra com 47 metros de altura e 2,18 quilômetros quadrados de área. O complexo do mausoléu foi construído para servir como um palácio ou corte imperial. É dividido em vários ambientes, salas e outras estruturas e cercado por uma muralha com diversos portões. Seria protegido por um exército de soldados em terracota guardados nas proximidades, mas os restos de muitos artesãos e suas ferramentas foram encontrados, o que faz acreditar que tenham sido enterrados com o imperador para impedir que revelassem as riquezas ou as entradas aos salteadores.As escavações arqueológicas dos soldados de terracota estão em curso ainda, trinta anos após sua descoberta. Isto se deve à fragilidade natural do material e sua difícil preservação. Terracota é literalmente terra assada, em fornos com temperatura relativamente baixa. Após queimar cada figura, ela era coberta com uma camada de laca, para aumentar a durabilidade. Eram também coloridas para aumentar o realismo da aparência das figuras e de suas roupas e equipamentos. Algumas peças ainda retém traços da pintura, mas a exposição ao ar rapidamente causa o descascamento ou descoloração.
8.099 foram escavadas até o momento, incluindo soldados, arqueiros e oficiais, e foram todas feitas em poses naturais. Cada figura porta armas reais como lanças, arcos ou espadas de bronze. Acredita-se que estas armas foram feitas antes de 228 a.C. e podem ter sido usadas na guerra. Carruagens feitas com grande precisão e detalhes também foram incluídas como parte do exército do imperador Qin.
As figuras de terracota foram encontradas em três diferentes trincheiras, e uma quarta foi encontrada vazia. Acredita-se que a trincheira maior, contendo mais de 6000 figuras de soldados, carruagens e cavalos, representavam a armada principal do primeiro imperador. A segunda trincheira continha cerca de 1400 figuras da cavalaria e infantaria, também com carros e cavalos, representava a guarda militar. A terceira continha a unidade de comando, com oficiais de alto nível, oficiais intermediários e um carro de guerra puxado por quatro cavalos. É a menor, com 68 figuras.
As figuras de terracota eram fabricadas em oficinas por artesãos do governo. Acredita-se que utilizavam a mesma técnica dos tubos de drenagem de água daquela época. Foram feitos em partes que eram unidas depois da queima e não em uma peça só. Eram então colocadas em seu lugar, em formação militar, de acordo com sua patente e posto.
As figuras eram em tamanho e estilo natural. Variavam em peso, indumentária e penteado, de acordo com a patente. A pintura da face, expressão facial individualizada e as armas e armaduras reais utilizadas criavam uma aparência realista e mostravam a qualidade do trabalho e a precisão envolvida na sua construção. Demonstram também o poder de um monarca que podia ordenar a construção de tão monumental empreita.

INTERCÂMBIO CULTURAL

Os chineses foram hábeis inventores. Muitas de suas invenções chegaram até o europeus e permitiu um vasto intercâmbio cultural. Entre as sua invenções podemos citar: 
  • a bússola
  • o sismógrafo
  • o papel
  • tipos móveis
  • pólvora
  • papel moeda
  • a pipa






















Dicas:
Documentário: Grandes Civilizações - China Antiga - TV Escola





Saiba mais: 
http://discoverybrasil.uol.com.br/china_antiga/dinastias_chinesas/dinastia_han/index.shtml

Referências:

COTRIM, Gilberto. RODRIGUES, Jaime. Saber e Fazer História. Editora Saraiva. São Paulo. 2012. p.120-123.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História Geral e Brasil. Editora Saraiva. São Paulo. 2010. p. 44-46.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_China
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_de_terracota

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CRESCENTE FÉRTIL



O Crescente Fértil é uma região entre os atuais Israel, Jordânia e Líbano bem como partes da Síria, do Iraque, do Egito, do sudeste da Turquia e sudoeste do Irã. O termo « Crescente Fértil » foi criado por um arqueólogo, da Universidade de Chicago, em referência ao fato de o arco formado pelas diferentes zonas assemelhar-se a uma Lua crescente.
É uma região extremamente fértil em meio à desertos. A região como o próprio nome diz, se tornou fértil devido às cheias dos rios Tigre e Eufrates, Nilo e Jordão. Lá se instalaram diversos povos, como os egípcios, os persas, os fenícios, hebreus e mesopotâmicos. 
Os rios transbordavam durante as cheias, depois quando voltavam ao seu leito normal, deixavam nas redondezas uma espécie de adubo natural ( húmus - animais decompostos, mistura de barro e restos de vegetais), tornando a terra propícia à agricultura. Sem contar, que os povos antigos desenvolveram técnicas de irrigação, construção de barragens e diques, favorecendo não só a agricultura, como a criação de animais, comércio e desenvolvimento de cidades ao longo dos rios.























segunda-feira, 5 de maio de 2014

BOADICEA, RAINHA DOS ICENOS

 
As mulheres ao longo da história nem sempre foram submissas, e nem viveram apenas à sombra dos homens. Muitas direta ou indiretamente marcaram seu lugar na história. E uma em especial, merece um grande destaque: Boadicea ou Boudicca. Já ouviu falar? Boadiceia foi a rainha de uma tribo bárbara que se levantou contra o Império Romano. Gostaria de conhecê-la? Então leia o artigo produzido pela revista Aventuras na História:


Boadicea, a monarca celta que desafiou o poder romano e destruiu Londres


"Ela era apenas a rainha de uma tribo celta em um canto da Grã Bretanha. Mas após a morte de seu marido e de ver sua tribo ser invadida, ter suas terras tomadas e testemunhar o estrupro de suas filhas, ela entrou para a história. Boadicea liderou a maior revolta contra os romanos em 400 anos de domínio da Britânia. A rainha furiosa colocou abaixo 3 das mais importantes cidades da ilha, incluindo Londres, e massacrou 70 mil romanos. E fez o imperador Nero considerar a possibilidade de recolher as tropas e desistir da região. "Boadicea era alta, terrível de olhar. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos", escreveu o historiador romano Dion Cássio. "Usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos que olhassem para ela."

O ano era 60 ou 61. Apenas 17 anos antes os romanos tinham chegado à Grã- Bretanha, ocupando um território povoado por tribos celtas (veja quadro). Eles ocupavam as aldeias existentes e permitiam que seus líderes permanecessem no poder, desde que aceitassem Nero como imperador e pagassem impostos. Era esse o caso da tribo dos icenos.
Os icenos viviam no noroeste da ilha (hoje perto da cidade de Norfolk). Seu rei, Prasutagos, temia pelo futuro da família após sua morte e em testamento propôs uma solução conciliatória: metade do reino ficaria para sua mulher, Boadicea, e as duas filhas. A outra metade seria de Roma. Mas os conquistadores romanos resolveram ficar com o reino todo. Diante da resistência dos icenos, invadiram a aldeia, açoitaram a rainha e estupraram suas duas filhas, de 10 e 12 anos. Boadicea, humilhada, se uniu com as tribos vizinhas, também insatisfeitas com o domínio romano, e logo um exército de 100 mil bretões estava marchando em direção à capital da Britânia, Camulodunum (hoje Colchester). "Os bretões passaram a ser cidadãos de segunda classe em seu próprio país. Roma controlava seu dinheiro, terras, armas e liberdade," afirma o historiador Dan Snow, no documentário Battlefield Britain (campo de batalha britânico), da BBC.

Os revoltosos começaram com uma invasão de uma cidade completamente despreparada, sem muros ou aparatos de proteção, colocando fogo nas casas e matando quem estivesse no caminho em Camulodunum. Parte da população correu para se abrigar na principal construção da cidade, um gigantesco e imponente templo em homenagem ao antigo imperador Cláudio. Apesar de não terem armas sofisticadas, os celtas contavam com uma vantagem militar - as bigas de guerra, pequenas carroças ocupadas por um dupla de guerreiro e cavaleiro. Os romanos só usavam bigas em eventos esportivos, nunca em combate.

Uma intervenção das tropas romanas era a única esperança para os habitantes da capital, mas o governador da Britânia, Gaio Suetônio Paulino, estava com metade do exército do outro lado do país, em Anglesey, o centro dos druidas, massacrando os sacerdotes celtas. Enquanto Paulino colocava abaixo um pilar da sociedade celta, os romanos sofriam, dentro de seu templo principal, a vingança dos bretões.

O restante das tropas romanas se dividia em duas legiões, com 5 mil homens cada, mas apenas uma delas estava perto o suficiente para socorrer a cidade. Mas no caminho, foi interceptada pelo exército de Bodicea e massacrada também. Depois de dois dias de cerco ao templo, a rainha decidiu incendiar a construção e queimar vivos todos os que estavam lá dentro. Depois do ataque, não sobrou nada da então grandiosa capital.

Os revoltosos se dirigiram então para o principal centro comercial da Britânia: Londinium, hoje Londres. Seguindo na mesma direção estava o governador Paulino, com sua cavalaria, enquanto a infantaria vinha bem atrás, marchando. Ao ver o tamanho do exército celta (agora ainda maior, já que Boadicea arregimentou novos voluntários pelas tribos do caminho), o governador decidiu largar Londres à própria sorte e foi encontrar as tropas e pensar numa estratégia para derrotar a rebelião.

Boadicea não teve qualquer dificuldade para queimar Londres inteira, trucidar a população e partir dali para Verulamium, no noroeste, hoje uma aprazível cidade conhecida por St Albans, destruída pelos celtas da sua maneira habitual. "Nas cidades pelas quais Boadicea passou, escavações encontraram grossas camadas de cinzas, datadas de 60 ou 61", diz Richard Hingley, professor de arqueologia da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. "Em Londres essa camada tem meio metro de espessura." Enquanto isso, nem todas as tropas haviam conseguido encontrar o governador Paulino. Ele só contava com 10 mil homens para enfrentar 230 mil revoltosos.

Boadicea seguia sua marcha e os romanos se posicionaram no caminho para esperar a chegada dos celtas para a batalha final. Apesar de estarem em desvantagem numérica, os romanos tinham a seu favor armamentos melhores, além de disciplina e estratégia militar superiores. O embate ficou conhecido como Batalha de Watling Street. O que se sabe é que os soldados romanos derrotaram os celtas. Depois de dar cabo dos guerreiros, massacraram suas famílias, já que todos viajavam juntos. Acredita-se que Boadicea e suas filhas, para não serem aprisionadas, se suicidaram tomando veneno.

Hoje, o turista que visita Londres pode ver uma grande estátua de Boadicea, ao lado do Big Ben, na saída do metrô de Westminster. Poucos, porém, sabem que quase 2 mil anos atrás a moça, montada numa biga e com sangue nos olhos, foi responsável por queimar Londres e chegou perto de fazer Nero desistir da Grã-Bretanha. "A rebelião foi um momento crucial do império romano. Havia um risco real de outras regiões seguirem o exemplo de Boadicea", diz Miranda Aldhouse-Green, professora da Universidade de Cardiff.

Os Celtas

Os celtas eram um grupo de tribos e comunidades independentes que se espalhou por toda a Europa durante o período conhecido por Idade do Ferro, entre 800 a.C. e 400, com variações dependendo da região. No continente europeu provavelmente os celtas mais famosos são os gauleses, que ocupavam a França e ficaram conhecidos ao inspirar as histórias em quadrinhos de Asterix.

Aqueles que ocupavam as ilhas britânicas também eram conhecidos por bretões e sua cultura e línguas ainda se mantém vivas em partes do Reino Unido, como no País de Gales, Escócia, Irlanda e ilha de Man. Algumas línguas celtas sobrevivem até hoje, como o galês (falado no País de Gales) e o Manx (na ilha de Man). Ambas são completamente diferentes do inglês.

Os druidas tinham um papel importante na sociedade celta - apesar de serem normalmente definidos como sacerdotes, eles tinham funções de conselheiros e curandeiros. Já os bardos eram responsáveis por transmitir as lendas e histórias da cultura celta. Como não usavam a escrita para registrar sua história, sabe-se hoje muito pouco da cultura e da sociedade celta. Os textos romanos são as principais fontes de informação."

Bibliografia
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/boadicea-monarca-celta-desafiou-poder-romano-destruiu-londres-729482.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_avhistoria

Saiba mais:

Dica de livros

BOUDICA - Trilogia
Autor: Manda Scott
Editora: Bertrand Brasil








Volume 1 - Águia 
A magnífica história da mais famosa e temida rainha guerreira de todos os tempos. Em Águia, Manda Scott recria as origens de uma história tão poderosa que seu impacto sobreviveu através dos tempos. Esta epopeia narra os anos de formação de Breaca — que, aos doze anos, mata seu primeiro guerreiro —, até atingir a idade adulta, e de seu habilidoso meio-irmão Bán, que traz consigo uma visão do futuro que poderá salvar seu povo. Escrita com enorme perícia e tenacidade, esta obra de ficção cativa o coração, desafia a mente e oferece ao leitor uma experiência absolutamente fascinante da História, na essência de sua criação.

Volume 2 - Touro
A magnífica história da mais famosa e temida rainha guerreira de todos os tempos. Em Touro, de Manda Scott, tem início no ano 47, quando Boudica e seus guerreiros dão seguimento à implacável resistência contra as Legiões romanas que ocupam a Britânia. O segundo volume da trilogia é a continuação da história da rainha guerreira dos icenos que liderou seu povo numa sangrenta batalha final contra os exércitos invasores de Roma. Posicionado contra Boudica está Julius Valerius, oficial da cavalaria auxiliar, cuja crescente brutalidade ao servir seu deus e seu imperador não consegue protegê-lo dos fantasmas do passado. E imprensadas no meio estão duas crianças, peões num jogo de inconcebível crueldade, enquanto, no coração de Roma, o imperador Cláudio e sua esposa sedenta de poder controlam a vida de todo um povo.

Volume 3 - Cão
 A incrível trilogia de um episódio secreto da história da Grã-Bretanha chega a seu último e derradeiro volume. Em Cão, de Manda Scott, a líder Boudica e seus guerreiros estão no limite para evitar a derrota para os romanos. Quando o governador recebe mais de vinte mil legionários prontos para impedir que qualquer pessoa conduza a Britânia a uma revolta, as esperanças começam a se reduzir. Agora Boudica terá de liderar as tribos do Oeste da Britânia numa resistência cada vez mais sangrenta contra a ocupação romana. E tudo ainda piora quando Julius Valerius, seu meio-irmão, é considerado traidor de Roma. Poderá ela enfrentar tudo sozinha? Escrita com enorme perícia e tenacidade, esta obra de ficção cativa o coração, desafia a mente e nos oferece uma experiência absolutamente fascinante da História na essência de sua criação.



terça-feira, 22 de abril de 2014

REVOLUÇÃO FRANCESA

A Revolução Francesa ocorrida no século XVIII, foi tão importante para a História, que se tornou um marco na divisão da História Moderna para a Contemporânea. Claramente inspirada nas ideias iluministas, foi um movimento que teve como lema: "liberdade, igualdade e fraternidade". Não só um movimento, mas realmente uma "revolução" que pôs fim ao Antigo Regime. Para quem não sabe, revolução é muito diferente de revolta, pois a revolução altera toda a ordem vigente, ou segundo a definição da Web: "é uma mudança fundamental no poder político ou na organização estrutural de uma sociedade e, que ocorre em um período relativamente curto de tempo. O termo é igualmente apropriado para descrever mudanças rápidas e profundas nos campos científico-tecnológico, econômico e comportamental humano." A Revolução Francesa mudou toda uma sociedade que existia até então. 
Antecedentes:
A França pré-revolucionária era uma sociedade baseada no Antigo Regime, sistema político onde vigorava o absolutismo, metalismo e mercantilismo, tendo o poder centrado
na pessoa do Rei. Ou lembrando da famosa frase do rei Luis XIV, que resume exatamente esse sistema: "O Estado sou eu!"
No Antigo Regime da França. a sociedade era dividade em três Estados, sendo que apenas o primeiro e o segundo, clero e nobreza, detinham todos os privilégios, riquezas e poder. O restante da sociedade era quem mantinha os dois primeiros estados, através do trabalho e dos impostos pagos por eles. Esse sistema teve origem na sociedade feudal, e embora a maior parte da Europa já viviam a Revolução Industrial, a França ainda era feudal, com o trabalho baseado na terra. 
A sociedade francesa
Os burgueses que se estavam no terceiro estado ansiavam por mudanças. Era um grupo, que também teve origem na sociedade feudal, basicamente de comerciantes que enriqueceram, mas por não serem nobres, não tinham direito nem à titulos, nem à administração ou participação na política do país. Esse grupo juntamente com os sans-culottes, (grupos de aristocratas, artesãos, trabalhadores ou pequenos proprietários de terras, que não faziam parte da nobreza, não usavam o culote, espécie de roupas da nobreza, ou seja, sem culote), é que fizeram a Revolução. 
Convocação dos Estados Gerais
A França estava passando por uma grave crise econômica, gastos excessivos da nobreza, gastos com a Guerra de Independência dos EUA, ocasionando arrombo nos cofres públicos; mais da metade da população trabalhava no campo e devido a vários fatores climáticos, a agricultura também entrou em crise, fazendo com os preços subissem, gerando fome e desempregos; a indústria têxtil também entrou em dificuldades, pois não tinha como concorrer com as indústrias ingleses, ocasionando mais desempregados. 
Tentando contornar a crise, o rei Luís XVI, convocou a Assembleia dos Estados Gerais. Era uma assembleia formada pelos representantes dos três Estados, e não se reunia há mais de 175 anos. 
O problema dessa assembleia era que a votação era feita por estado, o que sempre favorecia o primeiro e o segundo, que sempre acabavam por votar em manter seus privilégios e obrigar ao terceiro a sempre pagar mais impostos. Sabendo que iria perder, o terceiro estado exigiu a votação por cabeça, pois sendo assim, por terem maior numero de representantes, acabariam por vencer.
Sem conseguir nenhum entendimento, o Terceiro Estado se retira da assembleia, e se declaram em Assembleia Nacional, com o objetivo de criar uma constituição para a França.
A queda da Bastilha
No dia 14 de julho de 1789, revoltados com a notícia de que o Rei Luis XVI mandaria reprimir a Assembleia, populares da cidade de Paris saíram às ruas e tomaram a Bastilha, famosa prisão política da França, o símbolo do absolutismo. Oficialmente marcou-se o início da Revolução.
Vários focos de revolta se espalharam pelo interior. Camponeses se revelaram contra seus senhores, invadiram castelos. E enquanto a revolução se espalhava. no dia 04 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional Constituinte aboliu a servidão, os dízimos e os privilégios do clero e da nobreza, determinando assim, o fim do Antigo Regime. 
No dia 26 de agosto de 1789 é aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Que entre outros, garantia o direito à liberdade, à segurança, à liberdade de expressão, ao direito à propriedade, considerado inviolável, claramente ideais iluministas. 
Muitos nobres com medo da revolução fugiram da França  levando jóias e dinheiro. O Luis Luis XVI  tentou fugir com sua família, mas foi apanhada e, foi acusado de traição à pátria e levando a julgamento. 

A Convenção Nacional
 Após a tentativa estrangeira de invasão, foi proclamada a República em 22 de setembro de 1792, e Assembléia Constituinte foi substituída pela Convenção Nacional que tinha como uma das missões elaborar uma nova constituição para a França.
Era composta por 750 deputados e abrigava três impostantes grupos:

  • Girondinos: representavam a burguesia industrial e comercial. Defendiam o voto censitário, o direito à propriedade privada e eram contrários à participação popular na Revolução. Ficaram conhecidos como "grupo de direita".
  • Jacobinos: Defendiam um governo central forte, o voto universal e a participação popular no processo revolucionário. Por sentar-se a esquerda do presidente da Convenção, ficaram conhecidos como "grupo de esquerda"
  • Planície: composta por deputados que agiam conforme seus interesses: apoiavam os girondino, depois apoiavam os jacobinos. Sentavam-se ao centro.

Dessa separação na convenção é que surgiu os termos partidos de esquerda, de direita ou centro.
Após muitos debates, a Convenção considerou o rei Luis XVI culpado, e em janeiro de 1793, foi executado em praça pública, na guilhotina, sendo seguido por sua esposa a rainha Maria Antonieta. 

Os Jacobinos assumem o poder
A morte do rei gerou reações internas e externas. A Inglaterra uniu-se a países monarquistas e formou uma coligação para atacar a França. Para defender a revolução, os jacobinos criaram vários órgãos especiais, como o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário. À frente do poder estiveram Robespierre, Marat e Danton. Tentando resolver a crise o Comitê distribuiu as terras dos nobres entre os milhares de camponeses, aboliu a escravidão nas colônias francesas, tornou o ensino primário obrigatório e gratuito e tabelou preços. Medidas que favoreciam as camadas populares mas que desgostou aos girondinos. 
Aumentou cada vez mais a tensão entre Jacobinos e Girondinos, e todos aqueles que fossem  suspeitos de conspirar contra a revolução passaram a ser condenadas à morte. Muitas pessoas foram mortas na Guilhotina nesse período, que ficou conhecido como Período do Terror.
Os Jacobinos chegaram a guilhotinar seus próprios líderes, como Danton e Herbert, causando uma grande revolta na população que deixou de apoiá-los. 
Aproveitando-se da situação, os Girondinos deram um golpe que derrubou os jacobinos: prenderam Robespierre e todos os líderes e os guilhotinaram. O poder passou às mãos dos Girondinos, que representavam a alta burguesia e não tinham interesse na participação da população. 

O Diretório
Com os girondinos no poder, foi elaborada uma nova constituição, que manteve a República e criou o Diretório, governo de 05 deputados. Neste período houve várias tentativas para controlar o descontentamento popular e afirmar o controle político da burguesia sobre o país.
Durante este período, a França voltou a receber ameaças das nações absolutistas vizinhas agravando a situação.
Nessa época, Napoleão Bonaparte ganhou prestígio como militar e com o apoio da burguesia e do exército, provocou um golpe.
Em 10 de novembro de 1799 - 18 de Brumário, segundo o calendário republicado - Napoleão apoiado por burgueses e militares tomou o poder, dissolveu o diretório e estabeleceu um novo governo chamado Consulado. Esse episódio ficou conhecido como 18 Brumário. Era o fim da Revolução Francesa ou Revolução Burguesa.
Mas por que Revolução Burguesa? Porque claramente não ouve uma participação popular direta, quem sempre esteve no controle foram os burgueses, fossem eles girondinos ou jacobinos. E podemos chamar de burguesa, na medida em que ela contribuiu para abrir caminho para o fim do Antigo Regime e consolidou o capitalismo comercial e industrial. A burguesia passou a ter voz ativa e alcançou o poder, que até então era privilégio apenas da nobreza. 












Saiba mais:

Documentário: Revolução Francesa
History Channel
Sinopse: Em julho de 1789, uma máfia de zangados parisienses invadiu e destruiu a Bastilha, um ato que foi ao longo do tempo ( devido à impotência do Estado de seu rei, Louis XVI ) deflagrar uma das revoluções mais sangrentas da história. Liderados por Robespierre e outros homens do Iluminismo, o que começou como uma luta contra uma monarquia ineficaz terminou como uma fase na história conhecida como o Terror.


Dica de Livros:

A Sombra da Guilhotina 
Autor: Hilary Mantel
Editora: Record

Sinopse
“Mais do que ficção histórica, um estudo fascinante sobre o poder e o preço que se paga por ele.”
Cosmopolitan

A Revolução Francesa é matéria perfeita para dramas históricos. Que o digam Alexandre Dumas e Charles Dickens. A inglesa Hilary Mantel segue a tradição desses dois grandes mestres da literatura mundial e cria, em A SOMBRA DA GUILHOTINA, um romance complexo e, ao mesmo tempo, um trabalho incrível de imaginação que revela cenas com as quais nem mesmo os melhores historiadores poderiam competir.

É na França instável e vigorosa que o destino de três jovens provincianos, cuja amizade foi cunhada sob o Antigo Regime, é traçado: Camille Desmoulins, um homem carismático e instável, conspirador inveterado e escritor de gênio; Georges Jacques Danton, advogado brilhante que soube atrair e usar o poder, ávido por deixar sua marca no mundo; e Maximilien Robespierre, cuja ambição e idealismo ajudaram a desatar o Terror.

São suas paixões e traições que se tornam os pilares da Revolução. Seus sentimentos e ambições destruirão um modo de vida e, como conseqüência, ajudarão a destruir a si próprios, esmagados sob o poder que criaram. Trazendo à vida a Paris do final do século XVIII com sua corte opulenta, seus mendigos, vendedores e cafés, A SOMBRA DA GUILHOTINA é o relato do vertiginoso início da Revolução Francesa visto pelos olhos dos homens envolvidos na queda de todo um modo de vida.

Considerado o mais perfeito romance já escrito sobre a Revolução Francesa, A SOMBRA DA GUILHOTINA ganhou o prêmio Livro do Ano do Sunday Express.

Hilary Mantel nasceu na Inglaterra em 1952. Estudou Direito e morou em diversos lugares ao redor do mundo, como Botswana e Arábia Saudita. Em 2006, foi condecorada com o título de comendador da Ordem do Império Britânico. Mantel também foi a vencedora do prêmio Booker Prize 2009, por sua obra "Wolf Hall", uma ficção-histórica que se passa na corte do rei Henrique VIII. Ainda sem tradução no Brasil.

A Sombra da Guilhotina - Hilary Mantel



A Revolução Francesa
Autor: Eric J. Hobsbawm
Editora: Paz e Terra

Sinopse

Eric J. Hobsbawm afirmou que a comemoração do bicentenário da Revolução Francesa foi organizada pelos que a detestam. A frase demonstra como o cadáver insepulto do movimento que fundou a modernidade incomoda tanto ainda aqueles que antes reivindicavam ser seus herdeiros.
Hobsbawm um dos maiores historiadores contemporâneos, falecido ano passado, demonstra de maneira clara os principais acontecimentos da Revolução Francesa e qual foi a sua importância tanto para o período, quanto para os dias de hoje.



Referências:
BOULOS, Alfredo Júnior. História, Sociedade & Cidadania. Ed. FTD. São Paulo - 2012 - 2a. edição. p.114-124.
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/